Como o próprio título indica, o grande desafio de Jumanji: Próxima Fase era ainda maior que o de seu antecessor, Jumanji: Bem-Vindo à Selva, lançado em 2017. O primeiro filme aproveitava com inteligência o universo imersivo dos videogames em uma aventura que levava seus protagonistas adolescentes a ultrapassarem seus limites. O segundo continua divertido, em boa parte graças ao carisma do elenco, mas não empolga tanto.

É bem verdade que o roteiro de Jake Kasdan (que também assina a direção), Jeff Pinkner e Scott Rosenberg se empenha em trazer novidades. As principais adições ao time são Eddie (Danny DeVito) e Milo (Danny Glover). O primeiro, avô de Spencer (Alex Wolff), passa uma temporada com o neto, que volta para casa durante as festas de fim de ano. Frustrado com a nova vida em Nova York - distância dos amigos, fim do namoro, frieza da cidade grande, emprego medíocre, vocês sabem o resto -, ele decide voltar ao jogo, na surdina. Ao menos, Bravestone (The Rock) sabe o que fazer diante das adversidades da vida, certo?

Mas é claro que o plano dá errado, e Martha (Morgan Turner), Bethany (Madison Iseman) e Fridge (Ser'Darius Blain) precisam socorrê-lo. Por acidente, os ex-amigos e atual desafetos Milo e Eddie embarcam junto. Não bastasse serem jogados em ambientes inóspitos, como uma floresta e um deserto, os dois não fazem a menor ideia de como funciona o game. Aliás, é ótimo que a história apresente novos cenários, mas é uma pena que a nova trama - que novamente envolve recuperar uma pedra sagrada - e o atual vilão, Jurgen, o Brutal (Rory McCann), tenham menor importância aqui.

Além dos novos visitantes (destaque para a performance de Kevin Hart), cada personagem precisa se acostumar aos atuais avatares - por um mau funcionamento do jogo, os jovens não foram capazes de escolher seus correspondentes virtuais. As situações criadas com isso não são tão engraçadas e, por vezes, resvalam na gordofobia ao focar tanto no físico de Shelly (Jack Black).

É constante a sensação de que os elementos do filme são mal aproveitados. Por um lado, temos a ladra Ming Fleetfoot (Awkwafina), que mal tem tempo de mostrar suas habilidades, e, por outro, o retorno de Alex (Colin Hanks/Nick Jonas), que não cumpre nenhuma função relevante. Sem falar de um outro "jogador" sem sentido: quem, em são consciência, escolheria um avatar que não é totalmente independente?

Não dá para negar que Jumanji: Próxima Fase apela para algumas soluções fáceis no fim e força um pouco a barra para deixar o caminho aberto para outra sequência - como se Hollywood precisasse dessas formalidades. Também não alcança o satisfatório no desenvolvimento do arco dos personagens - o dilema de Alex se resolve facilmente num diálogo pouco crível durante uma escalada, por exemplo. Mais bem-sucedida é a trajetória de Eddie e Milo (a velhice é um tema recorrente do filme).

Mas o maior trunfo do filme ainda são as referências aos enigmas e clichês dos jogos - seguir a chama! - e as piscadelas ao filme original, como a participação afetiva de Bebe Neuwirth, integrante do elenco do Jumanji original (1995). Com alguma criatividade e um pouco mais de elaboração, é possível recuperar o fôlego para uma terceira etapa, que, se for concretizada, deve ter uma dinâmica um pouco diferente. Qual desafio de um jogo supera os da vida real?